Infância

Pedro Almeida teve uma infância normal e saudável.

Pedro Almeida teve uma infância normal e saudável. Era um menino ativo, corria para todo lado e chegava a ser levado. Em 1988,

quando tinha seis anos de idade, durante uma festa de aniversário que estava com o som muito alto, Pedro sentiu uma forte dor de ouvido.

Foi levado imediatamente ao hospital. Seu pescoço estava inchado, e pensaram que era caxumba, porém estava diferente. Depois de vários exames decidiram fazer uma punção, mas não descobriram o que era. Foi preciso pesquisar mais a fundo, a suspeita era de que se tratava de algo raro, mas não sabiam o que era.

Pedro foi encaminhado para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde foi atendido pelo especialista dr. Miguel Burnier e sua equipe de oncologia. Passou por uma cirurgia, mas continuou sem diagnóstico. Disseram que não tinha tratamento no Brasil e o encaminharam para para Houston, nos Estados Unidos, onde ficava o maior centro de tratamento de câncer do mundo.

Tratamento

8 meses em Houston e 14 anos de tratamento experimental

Pedro fez um tratamento experimental, com altas doses de medicamentos: quimioterapia e medicação direta na coluna, que doía muito. Ele ficou oito meses em Houston, e mais um ano e quatro meses na “ponte aérea” BH/Houston, para tratamento. Depois os períodos se espaçaram mais, e só 14 anos mais tarde teve alta definitiva.

Quando chegou com a família para início do tratamento perguntou para sua mãe se iria morrer. Ela respondeu que se não fizesse o tratamento, morreria. Neste momento, aquela criança de seis anos incorporou grande maturidade para passar por todo o processo de tratamento. Em nenhum momento externou dor para seus pais não

sofrerem. Apesar de muito dolorido, o tratamento foi tranquilo. Ficou lúcido todo o tempo, e não teve nenhuma sequela.

Jornada

Pesquisando a relação entre entre câncer e atividade física

É importante explicar a diferença de atividade física e exercício físico. Quando o personal trainer se refere à atividade, está falando de movimento. Ele trabalha a transformação através do movimento. Atividade é sair, andar e até correr atrás de um filho. Isso é se movimentar, tirar o corpo da inércia, isso é o que transforma. Já o exercício físico é algo programado, com tempo, carga, visando trazer benefício corporal. É a malhação, que pode ser musculação, aeróbica, enfim, uma infinidade de estilos.

Em 2005, na faculdade, Pedro quis entender melhor a relação entre câncer e atividade física. Seu trabalho de conclusão de curso foi uma pesquisa com animais que tinham tumores. Os animais que treinavam fortaleceram o sistema imunológico, melhoraram eficiência de combate ao tumor, que reduziu o crescimento em até 120% em comparação aos que ficaram sedentários. Um resultado surpreendente. Em 2006, Pedro continuou a desenvolver este projeto em sua especialização.

Movimento

O surpreendente episódio de superação em família

Em 2015, sua mãe foi diagnosticada com câncer de ovário, com 11 pontos de metástase. Foram para Houston e fizeram um tratamento em parceria: tratamento médico associado ao tratamento de movimento desenvolvido por Pedro. Uma verdadeira corrida contra o tempo, pois Pedro se casaria em dois meses. Celeste foi operada, e sua recuperação foi surpreendente, acima do esperado por causa de sua condição física. Conseguiram reverter o quadro.

Em 2017, Celeste teve recidiva do câncer e a mulher de Pedro, Mariana, grávida de sete meses, foi diagnosticada com câncer de mama. Por ser fisicamente ativa conseguiu passar pela quimioterapia durante a gestação. Ambas foram curadas.

Diagnóstico

Em busca do diagnóstico em Houston EUA

Em Houston, Pedro passou por mais uma cirurgia, porém os médicos não chegaram a nenhuma conclusão. Disseram não se tratar de nada preocupante, e mandaram a família de volta ao Brasil.

Porém seus pais – Celeste e Jésus – não aceitaram essa resposta. Procuraram a maior sumidade em otorrinolaringologia dos Estados Unidos, dr. Robert Jahrsdoerfer, que estava a caminho do Brasil para participar de um congresso e disse que faria o exame aqui. Um mês depois, em uma terça-feira, fez a consulta em Pedro, e no exame clínico viu que havia algo errado e pediu embarque imediato para os Estados Unidos para mais exames.

Pedro foi submetido a mais uma biópsia, e foi possível fechar o diagnóstico: linfoma não Hodkings das novas células betas, um linfoma em um osso na região entre a cabeça e o pescoço, dos mais agressivos que existe para criança. Até então, na literatura, só havia sido diagnosticado sete casos deste tipo de câncer no mundo. O de Pedro foi mais raro porque atingiu a região da cabeça e do pescoço. De todos os pacientes, Pedro foi o único sobrevivente.

Superação

Uma infância saudável e ativa, do movimento à vida

Graças aos seus pais Pedro pode ter infância. Sua mãe teve grande sabedoria e fazia questão de levá-lo para brincar com o irmão, jogar bola e correr no parque. Como toda criança, era sedento por atividade física.

Este foi o grande diferencial de todo o processo, porque os outros pacientes ficaram no hospital, deitados. Pedro foi o único a se movimentar durante o tratamento. Os médicos e a grande literatura acreditava que o correto era ficar quieto para poupar energia, para canalizá-la para a recuperação e suportar a pressão do tratamento.

Depois de curado, viu que tinha um propósito na vida: ajudar pessoas. Ficou na dúvida entre Medicina e Educação Física. Como viveu muito tempo em ambiente hospitalar, decidiu que não queria tratar dos doentes, queria dar qualidade de vida a eles. Por isso optou por Educação Física.

Trabalho

Sua pesquisa recebe reconhecimento internacional

Em 2009 seu trabalho foi publicado na revista científica americana Journal of Apllied Physiology, uma das principais revistas especializadas do mundo na área de Educação Física e patologia. A partir daí, várias revistas especializadas, das mais renomadas, citaram seu trabalho como um dos pioneiros a mostrar a eficiência da atividade moderada em tratamento de pacientes oncológicos. No mestrado ele se aprofundou no comportamento do corpo humano.

Em 2012, abriu um estúdio de personal trainer para colocar em prática todo seu estudo e pesquisa e impactar diretamente a vida das pessoas, sem contudo parar os estudos. Pedro concluiu doutorado em 2015.

Vitória

Pedro Almeida, o melhor personal trainer do Brasil

Pedro se inscreveu no concurso para eleger o melhor profissional do país promovido pela Sociedade Brasileira de Personal Trainer. Concorreu com 120 inscritos. Foi um processo de seis meses, com várias provas e avaliações. A disputa final foi em São Paulo, no dia 28 de setembro de 2019 com avaliação presencial. Pedro foi eleito o Melhor Personal Trainer do Brasil e seu trabalho pioneiro foi um grande diferencial na escolha.